Quando viral só lembra vírus

20/07/2011

Quantos vídeos você assistiu semana passada? Clicou em quantas indicações? Leu papo dos outros? Recebeu jorros de propaganda em seu e-mail pessoal? Tudo bem, isso não tem importância. Amanhã você já não se lembrará nem de 32% do que viu.

A democratização dos meios de produção e distribuição de conteúdo, potencializada pela internet, fez com que a propaganda se tornasse muito numerosa, consequentemente, mais despercebida e descreditada. São tantos conteúdos que a navegação torna-se ainda mais intuitiva, guiada por instintos mais egocêntricos e imediatistas que peneiram muito do que encontram. São raras as situações em que um único conteúdo corporativo atinge notoriedade suficiente para que, isoladamente, gere os resultados esperados. E esses resultados muitas vezes são intangíveis, imaginados sem moderação por empresários e funcionários que pecam por excesso de otimismo e escassez de método.

Estar no mundo digital não significa necessariamente existir. Tem-se muito falatório para pouca eficiência e muita assertividade para pouco interesse. Quando a comunicação é desconexa, irregular e/ou meramente impessoal, marketing viral não vira. O público espera mais que chamadas, belas imagens e textos presumíveis – principalmente agora que tudo chega junto e misturado, nos horários e situações mais improváveis. Um vírus precisa estar em condições de se manifestar e contagiar novas pessoas. O mesmo se dá com a publicidade viral.

poluição gera pouco interesse

Propagandas de sucesso fazem uso de emoções profundas e verossímeis, as que beiram a intimidade exclusivista da amizade. Pesquisas indicam que é cinco vezes mais provável visitar um link sugerido por um amigo do que através de publicidade óbvia. Isso é fácil deduzir, difícil é convencer as médias e pequenas empresas a abandonar ideias requentadas para apostar em mídias sociais inteiramente inovadoras e potentes como Facebook e Twitter.

Toda publicidade viral que almeje sucesso requer dramatização, da pura. No exemplo da empresa alemã de telecomunicações T-Mobile, milhares de pessoas cantaram Hey Jude na Trafalgar Square para sugerir a ideia central da marca: Life’s for Sharing (A vida é para ser compartilhada, tradução livre). Através de todas as comunicações encontra-se o reforço da sugestão – seja viral, sazonal ou direcionado – fortalecendo e fundamentando todo o trabalho publicitário. A metalinguagem permeia e evolui com as mídias sociais devido à possibilidade de acessá-las através dos próprios produtos da empresa. Resultados mensuráveis em tempo real via interação com o público.

Aderir valor de marca à mensagem central é mais importante que comunicar mesmices por megafones. O falatório eletrônico, acompanhado de imagens que não passam confiança, referência ou veracidade acaba por imprimir a ideia errada. O tiro sai pela culatra: de caçador de clientes e interessados você passa a ser o chato com poderes profissionais de incômodo. Não basta dizer, é preciso ter o que dizer de forma agradável e profissional, além de estar disposto a ouvir, ler e explicar infinitamente.

O chamariz certeiro é oferecer recompensa pelo precioso tempo dedicado à marca. Games, premiações, permutas e instrução inter-relacionada fazem parte dos artifícios mais bem-sucedidos da publicidade digital nas mídias sociais. Recurso cada vez mais popularizado que tende a se desenvolver exponencialmente à extensão de uma epidemia.

Outro viral refrescante de absoluto sucesso é a campanha da Trident Brasil que decidiu embalar cada um de seus chicletinhos com o endereço da página no Facebook e de seu perfil no Twitter. Apelo direto, massivo e original. Mas essa é só uma das estratégias da empresa para contagiar consumidores e conquistar um público online tão conciso quanto seus clientes offline. A Kraft Foods aposta na global experience através de inúmeras ações online em todo o mundo, além de incentivar e instruir seus clientes a participarem da rede.

Consistência e qualidade são essenciais para a eficiência propagandista, seja por sequência de ações com potencial viral ou a utilização de ferramentas que gerem somente um initial buzz. Toda parafernália técnica textual gráfica aliada a soluções tecnológicas, perspicácia comercial e muita solidez institucional conseguirão fazer com que uma ideia, um produto ou serviço se socialize com qualidade e eficiência.

Para começar a análise de como e por que mergulhar nesse oceano de informações virais, pergunte-se: Como é a comunicação da sua empresa? Quem assegura a impecabilidade dessa interação com o público? Mais que eloquência e gramática corretas, estamos falando de profissionalismo estilístico em publicidade.

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